quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Blogaço da vez: "Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar"

de 28/12/2002, ipsis literis: A ditadura da felicidade


Por Rita de Cássia de A. Almeida
Psicóloga/psicanalista da Rede de Saúde Mental do SUS

Há mais de 15 anos que o meu trabalho cotidiano tem sido - para resumir em algumas poucas palavras - escutar o sofrimento alheio e, por opção, atuando na saúde pública. E durante esse percurso profissional testemunhei uma mudança muito interessante na minha prática clínica. Sofremos por diversos motivos e de diferentes formas e, pela minha experiência, o motivo do sofrimento não mudou muito, no entanto, a demanda que as pessoas tem feito quando estão em sofrimento mudou significativamente.

Estudos da psicanálise atual têm tratado nossa época como a era do direito ao gozo. Ou seja, vivemos em uma época que não trata a felicidade como algo a ser construído ou conquistado, mas sim como um direito. Numa caricatura, diríamos que toda criança que nasce, especialmente no ocidente capitalista, recebe em sua certidão de nascimento um carimbo que outorga a ela o direito de ser feliz, de gozar sem restrições, sem qualquer porém.

Me lembrei agora dos versos de uma música do saudoso Tim Maia.
“Essa tal felicidade, hei de encontrar.
Mesmo se eu tiver que aguardar.
Se eu tiver que esperar.”

Nos tempos do Tim Maia a felicidade ainda era uma contingência, quase uma utopia, uma busca na qual poderíamos ou não ter sucesso. Mas hoje a coisa é bem diferente, como a felicidade passou a ser um direito de todos, acabou alcançando também o patamar de uma certa obrigação do sujeito. É como se você tivesse ganhado o direito de, sem nenhum ônus, acessar mais 90 canais de TV e dissesse não. As pessoas te perguntariam: - Como assim, você não quer mais 90 canais de TV? Entendo que essa seja a grande pergunta que permeia o discurso ocidental capitalista: - Como assim, você não é feliz?

Esse modo de entender a felicidade implicou numa mudança radical, como eu disse, no tipo de demanda que as pessoas fazem a nós, trabalhadores da saúde mental. Para os que não estão familiarizados com o fluxo de funcionamento da atenção à saúde do SUS, preciso fazer um parêntese para que compreendam melhor o que vou dizer adiante.

O sistema funciona, ou pelo menos deve funcionar, em rede. A atenção primária é a extremidade da rede mais próxima do usuário, portanto a primeira que ele procura quando apresenta qualquer problema de saúde. A atenção primária - o posto de saúde, unidade de saúde ou estratégia de saúde da família – deve atender e oferecer resolutividade para a maior parte dos casos, cerca de 80% deles. O desafio da atenção primária é não trabalhar em cima das especialidades médicas, mas, intervir no sujeito como um todo, tendo como diretriz a promoção e a prevenção em saúde. Entretanto, a atenção primária pode, em casos mais específicos nos quais a intervenção do chamado especialista seja imprescindível, acionar outros parceiros da rede que possam oferecer suporte e parceria. Os CAPS, modalidade de serviço que trabalho, compõem exatamente este trançado da rede, eles oferecem uma escuta especializada no campo da saúde mental. Sendo assim, quase sempre recebemos encaminhamentos e demandas dos demais parceiros da rede, em especial da atenção primária, apesar de também recebermos demanda espontânea.

Ao chegar no CAPS o sujeito passará por um dispositivo chamado: acolhimento. Como o próprio nome diz, este é o momento que o sujeito será acolhido em sua demanda, será escutado com cuidado por um ou mais profissionais do serviço, não necessariamente o médico, para que se possa, a partir de então, construir uma estratégia de intervenção. E o que temos notado nesses acolhimentos é que as pessoas simplesmente não suportam ficarem infelizes, tristes, frustradas ou enlutadas (e também não suportam ver outras pessoas nesse estado). É como se elas agregassem um plus ao próprio sofrimento, sofrem pelo que as fazem sofrer e sofrem porque estão sofrendo, como se não tivessem mais o direito de ficarem infelizes.

Somos procurados para fazer intervenção de saúde mental de alguém que está vivendo uma situação de luto ou perda, por exemplo, e quer ser medicado porque está chorando muito. Como assim? Então o sujeito perdeu um ente amado e precisa estar de bom humor para ir ao cinema depois do enterro?

Mães nos procuram com suas filhas adolescentes por chorarem trancadas no quarto depois de uma desilusão amorosa. Então a famosa “dor de cotovelo” tornou-se um grande mal a ser tratado com antidepressivos?

Certa vez, recebemos o encaminhamento de uma senhora via atenção primária, cuja queixa era insônia persistente e delírios persecutórios. Avaliando o caso com cuidado no acolhimento, entendemos que a tal senhora não dormia porque estava sendo ameaçada pelo marido há meses (ameaça real, não delírio de perseguição). Ele dizia que jogaria água fervente no seu ouvido enquanto ela estivesse dormindo. Alguém, por favor, me diga: como essa mulher poderia dormir? Não dormir, nesse caso, é sinal de saúde e não de doença.

Esses são alguns dos muitos exemplos que têm nos convocado a fazer intervenções muito peculiares, diferentes daquelas que fazíamos há alguns anos atrás. Se, num passado não muito distante, grande parte da nossa intervenção era feita no sentido de autorizar as pessoas a serem felizes, hoje, temos precisado lançar mão de intervenções que autorizem as pessoas a serem infelizes, a chorarem, a sofrerem por um fracasso, uma perda, a mergulharem numa boa “dor de cotovelo”, sem que com isso precisem ser medicadas ou enquadradas em algum diagnóstico de transtorno mental.

Muitas vezes precisamos dizer a essas pessoas que não precisam se envergonhar de chorar a morte de alguém. Que é normal não dormirmos quando estamos endividados, desempregados ou sendo ameaçados. Invariavelmente precisamos lembrar às mães que elas também já choraram uma dor de amor e que sobreviveram. Precisamos dizer que, num acesso de raiva, não é uma insanidade irreparável quebrar algumas louças e a coleção de CDs. Às vezes precisamos dizer que (quase) todo mundo já pensou em suicídio pelo menos uma vez na vida, e que a imensa maioria nunca chegou a concretizá-lo.

Por isso, a bandeira que levanto aqui é a seguinte: Se a felicidade é um direito a infelicidade é uma necessidade. Um brinde a infelicidade nossa de cada dia! Porque infelicidade não é doença, é parte da nossa condição existencial, sem ela perdemos pelo menos a metade da nossa humanidade.

Então, que todos tenham um 2013 feliz, mas quando a infelicidade vier, que possamos mergulhar nela em paz...sem pudor.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Bullying, assédio moral, fobias, doenças, opressões e preconceitos variados

A artista Katarzyna Babis é quem assina as imagens abaixo que ela posta em seu tumblr como 'beiibis'. As imagens a seguir não foram extraídas diretamente de lá. E sim deste link,  página poluída de propaganda e anúncios dos mais diversos tipos, a ponto de só ficar interessante caso queiram acompanhar o nível dos comentários que se posta lá via Fb.

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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Noam Chomsky: imprescindível refleti-lo. Essencial para repensar educação, ensino, aprendizado.




Sobre a precarização do trabalho e da educação na universidade

Abaixo vai na íntegra, com alguns ajustes de digitação, o que foi publicada pela Carta Maior neste link http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Educacao/Chomsky-Sobre-a-precarizacao-do-trabalho-e-da-educacao-na-universidade/13/30389

O que se segue é uma transcrição editada de observações feitas por Noam Chomsky via Skype, no dia 4 de fevereiro de 2014, a membros e apoiadores da Adjunct Faculty Association [NT] do Sindicato dos Metalúrgicos, em Pittsburgh. As observações de Chomsky foram provocadas por perguntas feitas por Robin Clarke, Adam Davis, David Hoinski, Maria Somma, Robin J. Sowards, Matthew Ussia e Josué Zelesnick. A transcrição ficou a cargo de Robin J. Sowards e foi editada pelo próprio Chomsky.


Sobre o modelo de contratação de professores

Isso faz parte do atual modelo de negócios. É o mesmo que ocorre com a contratação de trabalhadores temporários na indústria ou com o que eles chamam de "associados" na Wal-Mart, funcionários que não tem direito a benefícios. É parte de um modelo de negócios privados projetado para reduzir os custos do trabalho e aumentar o servilismo no trabalho. A transformação das universidades em corporações, como tem ocorrido sistematicamente ao longo da última geração, como parte do assalto neoliberal geral sobre a população, veio acompanhada de um modelo de negócios onde o que importa é o lucro no final do balanço.

Os verdadeiros proprietários são os gerentes (ou legisladores, no caso das universidades estaduais) e eles querem manter os custos baixos e assegurar que o trabalho seja dócil e obediente. A melhor maneira de fazer isso é, fundamentalmente, contratar temporários. Assim como a contratação de temporários foi se disseminando na sociedade no período neoliberal, o mesmo fenômeno ocorreu nas universidades. A ideia é dividir a sociedade em dois grupos. Um grupo é às vezes chamado de “plutonomia” (plutonomy, um termo usado pelo Citibank para aconselhar seus investidores sobre onde aplicar seus recursos), o setor top da riqueza, concentrado principalmente nos Estados Unidos. O outro grupo, o restante da população, é um “precariado”, as pessoas que vivem uma existência precária.

Esta ideia, por vezes, torna-se bastante evidente. Quando Alan Greenspan testemunhou perante o Congresso, em 1997, sobre as maravilhas da economia, ele disse diretamente que uma das bases para o seu sucesso econômico era o que ele chamou de “maior insegurança dos trabalhadores”. Se os trabalhadores são mais inseguros, isso é muito “saudável” para socieadade, porque eles não ficar perguntando sobre seus salários, não vão entrar em greve, não vão pedir repartição de lucros, e vão servir a seus patrões de bom grado e de forma passiva. E isso é ótimo para a saúde econômica das empresas.

Na época, todo mundo achou o comentário de Greenspan muito razoável, a julgar pela falta de reação e pelo grande sucesso que ele gozava. Vamos transferir isso para as universidades: como garantir “maior insegurança dos trabalhadores”? Fundamentalmente, não garantindo o emprego, mantendo as pessoas penduradas em um galho que pode ser serrado a qualquer momento, de modo que elas saibam que é melhor calar a boca, receber pequenos salários, fazer o seu trabalho e se forem agraciados com a autorização para servir em condições miseráveis por mais um ano, devem se contentar com isso e não pedir nada a mais. Essa é a receita das corporações para manter uma sociedade eficiente e estável. Como as universidades se moveram na direção desse modelo de negócios, a precariedade é exatamente o que está sendo imposto. E nós vamos ver mais e mais do mesmo.

Há outros aspectos que também são bastante conhecidos na indústria privada, como um grande aumento dos níveis de administração e burocracia. Afinal, se você precisa controlar as pessoas, precisa ter uma força administrativa que faça isso. Assim, nas empresas dos EUA, mais do que em outros lugares, há sucessivos níveis de administração, uma forma de desperdício econômico, mas útil para o controle e a dominação. O mesmo ocorre em muitas universidades. Nos últimos 30, 40 anos, houve um aumento muito acentuado da proporção de administradores em relação ao número de professores e alunos. O nível de professores e alunos até aumentou, mas o de administradores subiu mais proporcionalmente.

Há um livro muito bom sobre esse tema, escrito por um conhecido sociólogo, Benjamin Ginsberg, chamado “The Fall of the Faculty: The Rise of the All-Administrative University and Why It Matters” (Oxford University Press, 2011), que descreve em detalhes esse estilo de administração com seus diversos níveis de administradores que, é claro, são muito bem pagos. Isso inclui os administradores profissionais, como os reitores, por exemplo, que costumavam ser membros do corpo docente que eram deslocados por alguns anos para exercer atividade administrativa e, depois, voltavam para seus afazeres acadêmicos. Agora, na maioria dos casos, eles são profissionais que contratam sub-reitores e secretários, fazendo proliferar toda uma estrutura administrativa. Esse é outro aspecto importante do atual modelo de negócios.

Mas o uso de mão-de-obra barata e fragilizada no trabalho é uma prática tão antiga quanto a iniciativa privada e os sindicatos surgiram em resposta a ela. Nas universidades, trabalho vulnerável e barato significa professores auxiliares e estudantes de pós-graduação. Alunos de graduação são ainda mais vulneráveis, por razões óbvias. A ideia é transferir as atividades universitárias aos trabalhadores precários, o que melhora a disciplina e o controle, e também permite a transferência de recursos para outras finalidades que não a educação. Os custos, naturalmente, são arcados pelos estudantes e pelas pessoas que são atraídas para estas ocupações vulneráveis. É uma característica normal dessa sociedade de gestão de negócios transferir os custos para o povo.

Os economistas cooperam com esse esquema. Suponha que você encontre um erro em sua conta corrente e ligue para o banco para tentar corrigi-lo. Bem, você sabe o que acontece. Vai telefonar e ouvirá uma mensagem gravada dizendo: “Nós amamos você, aqui está um menu de opções”. Talvez esse menu tenha o que você está procurando, talvez não. Se acontecer de você encontrar a opção correta, ouvirá alguma música e, de vez em quando, uma voz dirá: “Aguarde, por favor, enquanto transferimos a sua ligação”. Finalmente, passado algum tempo, você até poderá ser atendido por um ser humano a quem poderá fazer uma breve pergunta. Os economistas chamam isso de “eficiência”, um sistema que reduz custos trabalhistas para o banco. É claro que impõe custos para você e esses custos são multiplicados pelo número de usuários, que pode ser enorme, mas que não é contado como um custo no cálculo econômico.

Se você olhar o modo como a sociedade funciona, verá esse tipo de prática em todo lugar. Assim, a universidade impõe custos aos alunos e professores que não são apenas temporários, mas colocados em um modelo que garante que eles não terão segurança. Tudo isso é perfeitamente normal dentro de modelos de negócios corporativos. É prejudicial para a educação, mas a educação não é seu objetivo.

Na verdade, se olharmos para mais longe, veremos que as raízes desse modelo são mais profundas ainda. Se voltarmos para o início dos anos 1970, quando muitas dessas coisas atuais começaram, havia muita precoupação em praticamente todo o espectro político sobre os temas do ativismo dos anos 1960.

Essa época foi chamada de “era dos problemas”, porque o país estava ficando civilizado, e isso é periogoso. As pessoas estavam se tornando politicamente engajadas e estavam tentando conquistar direitos para grupos com os chamados “interesses especiais”, como as mulheres, os trabalhadores, os agricultores, os jovens, os idosos, e assim por diante. Isso levou a uma reação grave, o que foi muito evidente.

No final liberal do espectro político, há um livro chamado The Crisis of Democracy: On the Governability of Democracies (New York University Press, 1975 - Crise da Democracia: Sobre a Governabilidade das Democracias), um relatório elaborado por Michel Crozier, Samuel P. Huntington e Joji Watanuki para a Comissão Trilateral, uma organização de liberais internacionalistas. O governo Carter saiu praticamente todo de suas fileiras. Eles estavam preocupados com o que chamavam de “crise da democracia”. Para eles, o problema é que havia um “excesso de democracia”. Na década de 1960, havia pressões partindo de diversos setores da população, esses “interesses especiais” que referi, para tentar obter direitos na arena política. Para os autores, estava se colocando muita pressão sobre o Estado e isso era errado. Havia um “interesse especial” que eles deixaram de fora, que era o do setor empresarial. Mas esse interesse, para eles, se confundia com o “interesse nacional” de que não seria o caso de falar dele.

Os demais “interesses especiais” estavam causando problemas e esses autores disseram: “nós temos que ter mais moderação na democracia”, o público tem de voltar a ser passivo e apático. Eles estavam particularmente preocupados com as escolas e as universidades, que não estavam fazendo devidamente seu trabalho de “doutrinar os jovens”. O ativismo estudantil, sua participação nos movimentos de direitos civis, anti-guerra, feminista, ambiental, entre outros, mostrava que os jovens não estavam sendo doutrinados corretamente.

Como se doutrina os jovens? Há certo número de modos de fazer isso. Um deles é sobrecarregá-los com uma dívida irremediavelmente pesada. A dívida é uma armadilha, especialmente a dívida do estudante, que é enorme, muito maior do que a dívida do cartão de crédito. É uma armadilha para o resto de sua vida, porque as leis são projetadas para que você não fique de fora. Se uma empresa, por exemplo, fica muito endividada, ela pode declarar falência, mas os indivíduos quase nunca podem se aliviar de uma dívida por meio da falência. Eles podem até mesmo tirar sua seguridade social se você não pagar. Essa é uma técnica disciplinar. Eu não digo que foi conscientemente produzida para ter esse efeito, mas certamente tem esse efeito.

É difícil argumentar que há algum fundamento econômico para ele. Basta dar uma olhada pelo mundo: na maioria dos casos, o ensino superior é gratuito. Em países com os mais elevados índices de educação, como a Finlândia, o ensino superior é gratuito. Em um país capitalista rico bem sucedido como a Alemanha, é gratuito. No México, um país pobre, com padrões de educação bastante decentes considerando as dificuldades econômicas que enfrentam, é gratuito. Agora olhe para os Estados Unidos: se voltarmos para os anos 1940 e 50, veremos que o ensino superior estava muito perto da gratuidade. O GI Bill deu educação gratuita para um grande número de pessoas que, sem isso, nunca teria conseguido ir para a faculdade.

Foi muito bom para eles, para a economia e para a sociedade, sendo uma das razões para a elevada taxa de crescimento econômico naquele período. Mesmo em faculdades particulares, a educação era muito perto de ser gratuita. Eu fui para a faculdade, em 1945, em uma universidade da Ivy League, a Universidade da Pensilvânia, onde a taxa de matrícula foi de US$ 100. Isso talvez desse US$ 800 dólares hoje. E foi muito fácil obter uma bolsa de estudos. Então era possível morar em casa, trabalhar e ir para a escola sem grandes gastos. Hoje a situação é ultrajante. Tenho netos na faculdade que têm que pagar sua matrícula e trabalhar, o que é quase impossível. Para os alunos essa é uma técnica disciplinar.

Outra técnica de doutrinação é cortar o contato entre o aluno e o professor. Isso se faz com turmas grandes, professores temporários que estão sobrecarregados e mal conseguem sobreviver com seu salário. E uma vez que você não tem nenhuma estabilidade no emprego não é possível construir uma carreira. Você não pode seguir em frente e planejar evoluir na carreira. Estas são todas técnicas de disciplina, doutrinação e controle.

É muito parecido com o que você esperaria encontrar em uma fábrica, onde os trabalhadores têm que ser disciplinados para serem obedientes e não, por exemplo, para desempenhar um papel na organização da produção ou do local de trabalho. Essas funções são exclusivas dos gerentes. Pois esse modelo foi transportado para as universidades. E creio que não deve surpreender ninguém, que já teve alguma experiência com a iniciativa privada, a forma como funcionam.

Sobre como o ensino superior deve ser

Antes de tudo, devemos deixar de lado qualquer ideia de que houve algo como uma “idade de ouro”. As coisas eram diferentes e, em certo sentido, melhores no passado, mas longe de setem perfeitas. As universidades tradicionais eram extremamente hierarquizadas, com muito pouca participação democrática na tomada de decisões. Uma parte do ativismo dos anos 1960 queria justamente tentar democratizar as universidades, incluindo, por exemplo, representantes dos estudantes nas comissões do corpo docente. Esses esforços tiveram algum grau de sucesso. A maioria das universidades tem algum grau de participação dos estudantes nas decisões da instituição. Penso que deveríamos nos mover nesta direção: uma instituição democrática, onde as pessoas envolvidas (professores, alunos e funcionários) participam na definição das políticas da instituição e de como elas são executadas. E o mesmo deveria valer para uma fábrica.

Estas não são ideias radicais, devo dizer. Elas vêm diretamente da tradição do liberalismo clássico. Se lermos, por exemplo, John Stuart Mill, uma figura importante dessa tradição, veremos que ele concordava com a ideia de que os locais de trabalho deveriam ser administrados pelas pessoas que trabalham neles. Isso seria sinônimo de liberdade e democracia (ver, por exemplo, de John Stuart Mill, Princípios de Economia Política, livro 4, cap.7)

Podemos encontrar essas mesmas ideias nos Estados Unidos. Tomemos o caso dos Cavaleiros do Trabalho (Knights of Labor, primeira organização trabalhista nacional importante da história dos EUA, fundada em 1869 - NT). Um de seus objetivos declarados era “estabelecer instituições cooperativas, que tenderão a substituir o sistema de salários com a introdução de um sistema industrial cooperativado”. Ou ainda em alguém como John Dewey, filósofo “mainstream”do século 20, que defendeu não só uma educação voltada a desenvolver a independência criativa nas escolas, mas também o controle das indústrias pelos trabalhadores, o que ele chamou de “democracia industrial”.

Para Dewey, enquanto as instituições cruciais da sociedade (como produção, comércio, transporte e mídia) não estiverem sob o controle democrático, então a “política (será) a sombra projetada sobre a sociedade pelos grandes negócios” (“A Necessidade de um novo partido”, 1931). Essa ideia quase elementar, que tem raízes profundas na história dos Estados Unidos e no liberalismo clássico, deveria ser uma espécie de segunda natureza para as pessoas que trabalham e ser aplicada igualmente para as universidades.

Há algumas decisões em uma universidade onde não é o caso de ter (transparência democrática) porque, por exemplo, é preciso preservar a privacidade do aluno. Existem vários tipos de questões sensíveis, mas na maioria da atividade normal da universidade não há razão para a democracia direta não ser considerada legítima e útil. No meu departamento, por exemplo, por 40 anos tivemos representantes dos estudantes participando de reuniões do departamento.

"Governança compartilhada" e controle dos trabalhadores

A universidade é, provavelmente, a instituição em nossa sociedade que está mais próxima da ideia de um controle democrático dos trabalhadores. Dentro de um departamento, por exemplo, é normal que um professor possa determinar uma parte substancial de como será seu trabalho: o que vai ensinar, quando, como deve ser o currículo. A maioria das decisões sobre o trabalho real do departamento passa pelos professores. Há, é claro, um nível superior de questões que não fica sob seu controle. Pode-se indicar alguém para lecionar, digamos, e essa recomendação pode ser rejeitada pelos reitores ou administradores. Isso não acontece com muita frequência, mas pode acontecer. E isso sempre tem a ver com questões mais estruturais que, embora sempre tenham existido, representavam um problema menor quando os professores participam da administração.

Sob sistemas representativos, você tem que ter alguém fazendo o trabalho administrativo, mas esses mandatos devem ser revogáveis em algum momento. Isso ocorre cada vez menos. Existem cada vez mais administradores profissionais, em vários níveis, tomando decisões cada vez mais distantes do controle do corpo docente. Eu mencionei antes o livro “The Fall of the Faculty”, de Benjamin Ginsberg, que entra em muitos detalhes sobre como isso funciona em universidades como John’s Hopkins, Cornell e algumas outras.

Enquanto isso, o corpo docente se vê cada vez mais reduzido à categoria de trabalhadores temporários que têm a garantia de uma existência precária, sem perspectiva de evoluir na carreira. Eu tenho conhecidos que são efetivamente professores permanentes, mas eles não têm esse status na prática, tendo de se aplicar a cada ano de modo a serem nomeados novamente. Essas coisas não deveriam acontecer. E a situação dos auxiliares foi institucionalizada: eles não fazem parte do corpo de tomada de decisões e não tem segurança no emprego, o que só amplia o problema. Esse pessoal também deveria ser integrado ao processo de tomada de decisões, uma vez que fazem parte da universidade.

Portanto, há muito o quê fazer, mas podemos entender facilmente porque essas tendências estão se desenvolvendo. Isso tem a ver com a imposição de um modelo de negócio em quase todos os aspectos da vida. É a ideologia neoliberal sob a qual a maior parte do mundo tem vivido há 40 anos. Ela é muito prejudicial para as pessoas e não encontra resistência na maioria dos casos. Só duas regiões conseguiram escapar dela: a Ásia Oriental, onde ela nunca predominou, e a América do Sul, nos últimos 15 anos.

Sobre a alegada necessidade de “flexibilidade”

“Flexibilidade” é um termo que é muito familiar para os trabalhadores na indústria. Parte daquilo que costuma ser chamado de “reforma trabalhista” consiste em fazer o trabalho mais “flexível”, ou seja, fazer com que seja mais fácil contratar e demitir pessoas. É, mais uma vez, uma forma de garantir a maximização de lucro e de controle. “Flexibilidade”, supostamente, é uma coisa boa, assim como a “maior insegurança dos trabalhadores”. Deixando de lado a indústria, onde é exatamente isso o que ocorre mesmo, mas universidades não há justificativa para esse tipo de prática.

Consideremos o caso de um curso com baixo número de matriculados. Isso não é um grande problema. Uma de minhas filhas ensina em uma universidade e me disse que sua carga horária sofrerá alteração porque um dos cursos que estava sendo oferecido teve poucos matriculados. Ok, o mundo não acaba por causa disso. O professor ou professora pode dar um curso com uma metodologia diferente ou buscar outra alternativa. As pessoas não têm que ser jogadas fora ou ficar inseguras por causa da variação do número de alunos matriculados em um curso. Há várias possibilidades de ajuste para essa situação. A ideia de que o trabalho deve atender às condições de “flexibilidade” é apenas mais uma técnica padrão de controle e dominação. Por que não dizer que os administradores devem ser jogados fora se não há nada para se fazer naquele semestre? A mesma situação se aplica aos altos executivos das indústrias: se o trabalho tem que ser flexível, o que dizer da gestão? A maioria deles é bastante inútil ou até prejudicial. Então vamos nos livrar deles. E você pode continuar assim.

Para tomar uma notícia dos últimos dias, que tal Jamie Dimon, CEO do banco JP Morgan Chase? Ele teve um aumento bastante substancial, quase o dobro de seu salário, por gratidão por ter salvo o banco de acusações criminais que teriam levado seus executivos para a cadeia. Conseguiram escapar com apenas US$ 20 bilhões em multas por atividades criminosas. Bem, eu posso imaginar que se livrar de alguém assim pode ser útil para a economia. Mas não é disso que as pessoas estão falando quando falam sobre a “reforma trabalhista”. São as pessoas que trabalham que devem sofrer. Devem sofrer por ter um trabalho inseguro, por não ter certeza sobre de onde sairá o pão de amanhã. Por isso, devem ser disciplinadas e obedientes e não fazer perguntas ou pedir por seus direitos. Essa é a maneira pela qual os sistemas tirânicos operam. E o mundo dos negócios é um sistema tirânico. Quando essa lógica é imposta às universidades, ela refletirá as mesmas ideiais. Isso não é nenhum segredo.

Sobre a finalidade da educação

Estes debates remontam ao Iluminismo, quando as questões de ensino superior e educação de massa estavam sendo levantadas, e não mais apenas a educação para o clero e a da aristocracia. Havia basicamente dois modelos discutidos nos séculos 18 e 19, e foram discutidos com imagens bastante sugestivas. Uma imagem da educação dizia que ela deve ser vista como um vaso que deve ser preenchido com água. Isso é o que chamamos hoje em dia de “ensinar para testar”: você derrama água dentro do vaso e, em seguida, ele devolve a água. Mas é um vaso muito permeável, como muitos de nós que passamos pela experiência da escola podemos constatar, já que podemos memorizar algo para um exame pelo qual não tínhamos muito interesse e, uma semana depois, não lembrarmos mais do que se tratava. O modelo do vaso nos dias de hoje é chamado de “nenhuma criança deixada para trás”, “ensinando para testar”, “corrida para o topo” e outras coisas semelhantes em universidades. Os pensadores iluministas eram contrários a esse modelo.

O outro modelo foi descrito pela imagem de uma corda estendida ao longo da qual o aluno progride em seu próprio caminho, sob sua própria iniciativa, talvez seguindo a corda, talvez decidindo ir para outro lugar, talvez levantando questões. Seguir a corda significa impor algum grau de estrutura. Assim, um programa de educação, seja ela qual for, um curso sobre física ou algo assim, não será um vale tudo, terá certa estrutura. Mas o seu objetivo é que o aluno adquira a capacidade de investigar, de criar, inovar e desafiar – isso é que é a educação. Um físico mundialmente famoso, foi questionado uma vez por um aluno sobre qual seria o conteúdo do curso no semestre. Sua resposta foi: “não importa o que vamos tratar, mas sim o que você vai descobrir”. Você ganha capacidade e auto-confiança para desafiar e criar. Dessa forma você internaliza o tema do estudo e pode ir em frente. Não é uma questão de acumular uma quantidade fixa de fatos que, em seguida, você pode descrever em uma prova e amanhã já não lembrar.

Estes são dois modelos bem distintos de educação. O ideal iluminista foi o segundo e eu acho que é isso que devemos nos esforçar em buscar. Essa é a verdadeira educação, do jardim de infância à pós-graduação. Na verdade, existem programas desse tipo, muito bons, para o jardim de infância.

Sobre o amor de ensinar

Nós certamente queremos que as pessoas, tanto professores como alunos, se envolvam em atividades que sejam gratificantes, agradáveis, estimulantes e excitantes. Eu realmente não acho que isso seja difícil. As crianças são criativas, curiosas, querem saber coisas, querem entender as coisas, e, a menos que sejam submetidas a um processo, essas coisas ficam com elas o resto de sua vida. Se você tem oportunidade de seguir esse compromisso, é uma das coisas mais gratificantes da vida. Isso é verdade se você é um físico pesquisador ou se você é um carpinteiro. Você está tentando criar algo de valor, lidando com um problema difícil e tentando resolvê-lo. Acho que isso é o que faz funcionar o tipo de coisa que você quer fazer.

Em uma universidade que funciona razoavelmente, você encontra pessoas que trabalham o tempo todo porque elas adoram o que estão fazendo. É o que elas querem fazer. Elas receberam a oportunidade, têm os recursos e são encorajadas a serem livres, independentes e criativos. O que poderia ser melhor? É o que elas gostam de fazer. E isso, repito, pode ser feito em qualquer nível.

Vale a pena pensar sobre alguns dos programas educacionais imaginativos e criativos que estão sendo desenvolvidos em diferentes níveis. Alguém me descreveu, dias atrás, um programa de ciência que está usando em escolas de ensino médio, por meio do qual os alunos são provocados por uma pergunta interessante: "Como pode um mosquito voar na chuva?" Essa é uma pergunta difícil quando você pensa sobre isso. Se algo batesse em um ser humano com a força com que um pingo de chuva bate em um mosquito ele seria achatado imediatamente. Então como é que o mosquito não é esmagado instantaneamente? E como pode o mosquito continuar voando? Responder essa pergunta é um trabalho muito difícil que envolve entrar em questões de matemática, física e biologia, questões suficientemente desafiadoras  para alguém querer encontrar uma resposta para elas.

Isso é o que a educação deve ser em todos os níveis, desde o jardim de infância. Existem programas de jardim de infância em que, por exemplo, é dada uma coleção de pequenos objetos para cada criança: seixos, conchas, sementes, e coisas assim. Em seguida, a classe recebe a tarefa de descobrir quais são as sementes. O processo começa com o que chamam de uma "conferência científica": as crianças conversam entre si e tentam descobrir quais são as sementes. Há alguma orientação de professores, é claro, mas a ideia é fazer com que as crianças pensem sobre o tema. Depois de um tempo, são feitas várias experiências para tentar descobrir quais são as sementes. Nesse ponto, cada criança recebe uma lupa e, com a ajuda do professor, olham para dentro das rachaduras da semente e encontram o embrião que faz a semente crescer. Estas crianças aprendem algo, realmente, não apenas sobre sementes e o que faz com que as coisas cresçam, mas também sobre como descobrir. Eles estão aprendendo a alegria da descoberta e da criação, e é isso o que você carrega de forma independente, para fora da sala de aula, para além de qualquer curso.

O mesmo vale para toda a educação, até a pós-graduação. Em um seminário de pós-graduação razoável, você não esperar que os alunos baixem a cabeça para copiar e depois repetir o que você diz. Você espera que eles lhe digam quando você está errado ou que cheguem a novas ideias, para desafiar, para perseguir algum sentido que não tinha sido pensado antes. Isso é o que a verdadeira educação é em todos os níveis, e é isso o que deve ser incentivado. Esse deveria ser o propósito da educação. Não é para despejar informações na cabeça de alguém, que depois vai “vazar” esse conteúdo, mas para permitir que eles se tornem pessoas criativas, independentes, capazes de encontrar emoção na descoberta e criação e criatividade em qualquer nível ou em qualquer domínio de seus interesses.

Sobre o uso da retórica corporativa contra as corporações

Isso é como perguntar como você deve justificar, perante o proprietário de escravos, que as pessoas não devem ser escravos. Você está em um nível de investigação moral onde provavelmente é muito difícil encontrar respostas. Somos seres humanos com direitos humanos. É bom para o indivíduo, é bom para a sociedade e mesmo para a economia, em sentido estrito, que as pessoas sejam criativas, independentes e livres. Todos se beneficiam se as pessoas são capazes de participar, de controlar seu destino, de trabalhar uns com os outros. Isso pode não maximizar o lucro e dominação, mas por que deveríamos perseguir esses valores?

Conselhos para professor temporário organizar sindicatos

Você sabe melhor do que eu o que tem que ser feito, o tipo de problemas que você enfrenta . Então, vá em frente e faça o que tem que ser feito. Não se deixe intimidar , não se assuste, e reconheça que o futuro pode estar em nossas mãos, se estamos dispostos a compreendê-lo.


(*) Noam Chomsky OCCUPY: Class War, Rebellion and Solidarity é publicado pela Zuccotti Park Press .

 
[NT] A expressão “Adjunct Faculty” utilizada por Chomsky no texto original designa, nos Estados Unidos, os professores universitários contratados em regime temporário para dar um curso durante um semestre ou um ano, não possuindo qualquer estabilidade de emprego. Essa categoria não corresponde ao “professor adjunto” das universidades públicas brasileiras, que são concursados e possuem estabilidade de emprego.

Tradução: Louise Antonia León

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Valesca Pensazuda

Admito, colei... coisa que não deveria confessar aqui, numa iniciativa com propósitos algo pedagógicos...ou ao menos voltado para "dar bom exemplo" a rebento meu ou "às futuras gerações"... mas o que chupinhei (roubar não, roubo é diferente, vai) foi algo besta, o Chupim é um pasarin, tadin... bom,  constam todos os créditos necessários logo a seguir... Enfim, à ditacuja, à prova do "crime", a evidência do textículo xerocado vai.

Mais uma vez citada como 'pensadora' do funk em um trabalho acadêmico, Valesca Popozuda resolveu retribuir o elogio. A funkeira financia parte da viagem de uma pedagoga, que fez um trabalho acadêmico sobre o ritmo, a um congresso na prestigiada Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
"Eu vou dar a metade do valor da passagem. Achei a atitude dela muito importante para a cultura do Brasil e para o universo do funk, então senti a necessidade de contribuir", afirma ao Purepeople
Taí, diretamente deste sítio de nome Pure People, que deve ser um canal noticioso do MSN. Por diversos motivos, não  entendo que seja compulsória a citação do link para a página toda. Até porque qualquer busca deverá remeter ao trecho destacado aqui.

O que importa, a questão suscitada que se quer deixar, a pegada na areia é: será que a criançada de uns 5, 7 anos agora, vai prestar o vestibular daqui uns 10, 12 anos e estudando a Simone de Beauvoir brasuca?

Ok, não vou tão adiante e serei ligeiro e provavelmente preconceituoso. Vou pagar com a língua e saber o que vai virar deste Só Mina Cruel – Algumas Reflexões Sobre Gênero e Cultura Afirmativa no Universo Juvenil do Funk", realizado pela pedagoga Jaqueline Conceição da Silva que provavelmente é objeto da apresentação lá em um meeting na Columbia University, que a até aqui mestre em pedagogia fará com auxílio da musa dos popozudófilos.

O tempo dirá e assim, outros movimentos erosivos e rastros passarão.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Father & Daughter

Google:(blog + Pai + filha)= mondo cinopoli mundo...

Mas ao que interessa, o que o Curta o Curta diz sobre o filme, realizado em 2000, pelo diretor e roteirista DE WIT.

Sinopse:

Uma pequena garota chega com o pai, de bicicleta, à beira de um rio e o vê indo embora. Ano após ano, ela vai àquele mesmo lugar, sempre esperando pela sua volta.

A passagem do tempo pode ser sentida pelas folhas, o vento e o movimento quase constante das rodas da bicicleta, que são acompanhadas pela trilha sonora que se repete. Enquanto isso, o traço simples e melancólico transmite uma inevitável sensação de perda.

Esta animação de Michael Dudok de Wit foi premiada com o Oscar de Curta de Animação de 2001, além de vencer uma série de outros prêmios importantes: Anima Mundi 2001, Annecy 2001, BAFTA 2001, BAA 2002, Cartoon Forum 2001, Cinanima 2000, Clermont-Ferrand 2001, Cracow 2001, Dresden 2001, Hiroshima 2002, Nederlands 2001, Odense 2001, Ottawa 2000, World Animation 2001 e Zagreb 2002.


citação do original aqui.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Me ocorreu outro dia

Sim, foi há questão de dias. Talvez por estar em férias, talvez por estar numa praia ao norte de Maceió, talvez por completar 40. Por que retornar ao blog? Digo, por que ainda insistir em postar coisas na web? Foi realmente por estar insone, madrugada de chuva nordestina invernal, sem nada melhor a fazer senão ouvir ao longe, o som das ondas, abafado pelo chacoalhar das folhas de coqueiros ao vento e barulho da pluviosidade respigando dos telhados. E para além disso, foi o sono profundo das minhas companhias que nada queriam senão, imersas cada qual em seus sonhos. Então me ocorreu, por que não deixar essas linhas pra uma delas, especialmente para Lui, pra compor seu "diário", do futuro? Na realidade, uma "caixa preta", caso ela for um dia recorrer a este sítio. Talvez, diferente das tais gravações que se armazenam nas aeronaves, às quais, somente em caso de acidente, é dado saber (ao menos publicamente) o seu conteúdo, no caso aqui, quem quiser poderá, acidentalmente, porém, sobretudo, a partir de qualquer vontade que seja, acessar ao que deixarei registrado.

E assim, ao verificar que há um tanto de blogs (sim, ler aos alhures ainda me é um exercício de alguma rotina) que são feitos por mães e suas experiências com a criançada (particularmente em viagens), talvez falte uma versão mais paterna e especialmente, em assuntos turísticos, um lado mais "ei, sim sou turista, com orgulho, mas também sou turismólogo, um devorador de paisagens, sim, não há muito o que se orgulhar disso, com pelo menos 12 anos de (de)formação acadêmica que poucos tiveram" ou seja, desconheço que haja algo perto disto e então repito: e assim, essa contribuição aqui tem um certo olhar, com treinamento distinto do que o já lido por aí, ultimamente.

Resolvi, ao invés de nomear a mais um dos intermináveis blogs que possuo, praticamente lidos apenas por mim, a maioria destes, que não avançaram uma dezena de meses, ressuscitar este espaço e onde devo (será?) incluir notas para o que imaginei ser o "Diário do Futuro" de minha criança Lui. Futuro, pois quando Lui aprender a ler, destrinchar a internet, quem sabe, descobrirá que isto aqui um dia existiu. Tomara que minha pueri querida chegue lá.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Sobre Rudolf Steiner

Foi com alguma estranheza que recebi a missão de procurar saber e desenvolver algum conteúdo sobre o referido autor, do qual não possuía nenhuma informação. Absolutamente nada. Waldorf? Antroposofia? Agricultura biodinâmica? Dizer que sabia relacionar alguma coisa que fosse, seria amplificar ainda mais minha ignorância. Na dificuldade de conseguir sintetizar num texto algo que melhor descrevesse tal nome e respectivas realizações e, também, emitir alguma opinião sobre ambos, prefiro relacionar uma série de links que me pareceram bastante esclarecedores da trajetória desta personalidade. Confesso que faço isto inclusive pela inabilidade de ter sido atraído por seus pensamentos de forma mais imediata, os quais não me proporcionaram maior empatia, mas espero, talvez haja outra oportunidade, de me defrontar com mais de sua obra e me coloco com curiosidade suficiente para rever minhas impressões iniciais sobre o mesmo. Com isto, de maneira alguma quero declarar discordância e qualquer aversão pelos seus trabalhos e, reforço que, é apenas por não conhecê-los, que prefiro não me posicionar, com alguma paixão que seja. Aliás, se for pra emitir opinião, qual irrelevância que tenha, posso dizer que o Goetheanum reformado é obra arquitetônica que merecia maior publicidade e valorização, seja artística, científica ou turística. O que certamente promoveria mais Rudolf Steiner pelo mundo. Enfim, sem mais, aos textos que interessam.

Extenso arquivo com biografia e realizações do autor (em inglês).

Algo postado num blog português

Na wikipedia em português

Algum debate, algum questionamento sobre Steiner e outros (em inglês)

Defendendo Steiner (em inglês)

Criticando Waldorf (em inglês)